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a criança: é birrenta e infantil a mulher: é ciumenta e barraqueira o político: é extremista e guerrilheiro o santo: é profano e &...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

LIVRIM DE GIBERA PRA LER A DOIS

SOBRE O AUTOR PELO AUTOR

Filho de Saul Sóter Luiz e de Nair do Nascimento Pereira, herdou do bisavô paterno o "Sóter" e a vivacidade do pai; da mãe herdou o gosto pela liberdade e o "entestamento" pelas coisas que quer. Do avô Machado do Nascimento, recebeu a força pra conseguir o que deseja e a coragem de decidir sobre si mesmo.
"Cada um, cada um", "Quem faz come."
A poesia surgiu em seu caminho como uma forma de reflexão, para extravasar a timidez de falar o que pensava, quando criança e adolescente, principalmente às garotas. Depois tornou-se cotidiano escrever tudo o que via, em forma de poesia.
Veio pra Brasília em 77 com os poemas no sovaco, já tendo pensado em editá-los através de xerox. Muito caro. Desistência.
Em Brasília encontrou e ajudou a passar pra frente "Iogurte com Farinha", Nicolasa Behr; ajudou a editar "A Feira", Paulo Tovar. Adquiriu "Now row", conheceu os caminhos do mimeógrafo e foi à luta: " Início e Fim", 1ª versão com capa de Hosana Hummel, todo gravado em stêncil eletrônico e cheio de erros: 350 exemplares guardados.
Idéia cooperativista sempre o acompanhou. Arrumou patrocinadores para um livro e buscou amigos para acompanhá-lo. Noélia Ribeiro e Paulo Tovar. Saiu com muita custa "Salada Mista", 800 exemplares esparramados.
Contrariado com os enchimento de saco e com erros da gráfica, voltou ao mimeógrafo, onde podia fazer o seu gosto. Datilografou, rodou, montou, fez a capa fora e saiu o "Início e Fim" com roupagem nova e poemas novos. Satisfação. 3 edições esgotadas. 1500 livros esparramados por esse Brasil e mais 1000 aí na batalha.
Trabalhando (professor), escrevendo, vendo, vendendo, ajudando a criar a CCOPO - Cooperativa de Compositores e Poetas(foi o 1 diretor dela, na presidência Sá), fazendo promoções culturais no colégio onde leciona e montando um livro que saiu pra boca do lixo na "POSSEBILIDADE", "POEMAS SOTERRADOS"; 1ª edição esgotada: 300 nesemplares mimeografadospelo autor; 2ª Edição, 900 exemplares esgotados; e, vem aí a 3ª edição pela Gráfica e Editora Reprint, do Ita Catapretta.

E vai mais poesia:

Idéia saída de erros no mimeografar (de cabeça pra baixo), "LIVRIM DE GIBERA OU LIVRIM PRA LER A DOIS".

E vamo vê o que de dá, né?

Taí um abração bem goiano do catalano Sóter e o endereço pra correspondência ou pedidos:

Av. L-2 Sul - Quadra 611, C.E. Setor Leste, Brasília DF.(local onde eu lecionava Práticas Agrícolas e Extrativismo - PAE)



Epitáfio de Poeta

nasci que nem bezerro:
com as contrações da mãe,
pelas mãos do proprietário.

cresci que nem lavoura:
aproveitando os restos
da que já foi.

vivo que nem curió
que lança seu canto triste
através das grades da gaiola.

quero morrer que nem um cachorro velho
que sabe a hora, deita num canto
e... deixa de respirar.


e... a vida continua

daquele buraco lá na frente
saiu um cheiro de alfavaca
e me veio direto às ventas
tomando conta de todos os meus sentidos
deixando-me surdo, cego, intáctil
fazendo-me sentir
só com as narinas e o coração
que buraco será aquele?!!
será de alfavaca um cultivo?!!
será de restos de chá um depósito?!!
não é nada disso não!!
é o sepulcro de uma morena
cor de alfavaca madura
creada por um poeta das redondezas
que, cansado a enforcou num "S"
e no "O" a entrerrou
quando uma loura Creou...


Marcanã

tês morena
zóio de mulata maracanã
cabelos crinados selvagens
ares de campo avedado
perfume de alfavaca
andar de potranca ciada
cum jeito faceiro de ficar por perto
cumo se fosse um livro fechado
cumo se fosse um palco vazio
à espera da campainha.

tenho uma história a fazer

maior e diferente
da história que tenho pra contar
e vou começar pela cerca que me cerca
e terminar pela sociedade vigente
que me deserta.
vou fazer dos entremeios a terra ciada
o de comer, meu viver, meu ser
e... das entranhas erodidas
vou fazer frutos
fazer minha fé
meu Deus.


salvaterra

o risco na água
separa o "fortaleza"
de Soure e Salvaterra
onde ficam os silvos nos coqueiros
que não são da Bahia
são da Marajó

ficam morenas jambeiras
graciando a pracia de currais

o peixe na brasa
a cachaça no abacaxi
o búfalo beiçado
como quem quer fugir

a primeira, a oitava rua
o paraíso que turista não viu
a morada que escolhi
antes de nascer
em quê não fui atendido

no risco da água
o finito se desvanece
deixando ao longe
Sou Salvaterra.

Soure, salve a Terra.


promessa de poeta

mesmo que rompa o corte
e que a morte vença um dia
perpetuarei a imagem magra, maltratada
deixarei o eco perdido
nas madrugadas de perdidas bebedeiras.


essa democracia...

o tal do, para e pelo
me alucina, extasia
me vicia, me faz adepto
das dores do mundo


eu e a mangueira

Será que sou que nem a mangueira?
feliz quando a chuva vem
infeliz quando a chuva vai?

ou será

que fui feliz tanto quanto pude
e serei infeliz
tanto quanto existirei?


caboclo Salvaterra

alma jovem, corpo alquebrado
corpo alquebra por anos vividos, trabalhados
alma jovializa pelo esforço
de manter em riste corpo alquebrado.

meio século se passou
meia vida já vai longe
o ápice desponta acenando flores
alma jovem se cega: não vê.
muito se fez por tudo a fazer
e o que lhe importa
é que alguém continue o que fez....

o século se aproxima
com o final dos tempos profetizados

o início do séc se aproxima
se encontrarão início e fim?

lá estará, acontecendo
corpo alquebrado, alma jovem


receituário

ah! ser psiquiatra
adquirir de todos
um pouco de loucura
e ser de todos
o louco mais completo!


desde que foste embora
eu morro todos os dias
por não ter cova pra me depositar.


minha poesia é quem olho d'água
necessita espaço natureza
pra jorrar e escorrer


meu pai foi mais feliz do que eu
meu avô foi mais feliz do que meu pai
e assim o foi por antes

temo me absterei de filhos
pra não contribuir
para a infelicidade futura.


aspiração!

ah, se eu pudesse um dia
ter de todos os catalanos
a confiança

ser de todos irmão
ser de todos pai
ser aluno e professor
ser senhor e escravo
ser avô, guerreiro peito forte
e guarnecer a cidade.

ser ponta de faca
a embrenhar por novos caminhos
fazendo de trilhas, vias
de vias, espaços culturais.

fazer jorrar da terra rica, fartura
fazer das flores o prato do dia
transbordar casas de limpeza e saúde
fazendo bastidores, palco
de palco, bastidores.


slogan

"Goiânia: uma cidade feliz"?
em Goiânia estão minhas mágoas gotejantes
no asfalto tremulante pelo calor
a minha presença espremida
pelo concreto dos edifícios
e sufocada pelo trânsito infernal.
meu suor em prazeres infecundos
pelos quartos de motéis
e minha infância guardada
despejada no bosteiro "Capim Puba".


estou com as calças no joelho
e o telefone na orelha
é que meu amor me telefonou
e eu estava cagando
e eu estava esperando...


bilhete

estou sendo torturado...
o meu corpo está "intacto"
não tão belo
mas, como antes.

...mas minha alma está inchada
arrocheada, choqueada...

mas... pelo amore de Deus companheiros
não me deixem em vão
continuem na luta até o fim
se não conseguirem nosso intento
serão mais oprimidos que antes
receberão mais e mais fortes chibatadas
sacrificarão suas vidas dia a dia
serão relegados a estrume
que fortalece a vida e não tem valor
serão objetos descartáveis
sem direito à reciclagem
pois não terão forças
pra tornarem a se levantar...

minha mensagem vai chegando ao fim
junto com a minha resistência...
junto com a minha vida...

e... meu corpo continua "intacto"
vocês não perceberão.


QUEDA

de repente aquele vago
que, mais que meio metro
era um abismo
a luminosidade nas meninas
obrigando-as a se esconderem nuas
nãopor vergonha, não
por dor, por dor, isso sim!

aquela máquina de lata
perpetuadora d eimagens
o estômago cheio
de intragável comida
e a presença pertubadora
da poetisa que é poesia
em tulhas de segundos
se perdem no fundo azul
de um relógio à prestação
e as imagens vão sumindo, sumindo.

o corpo caindo, caindo, caindo!

o baque na parte mais funda
do que se esperava
que não se pressentia, causa galhofas
de uma máquina de lata que não disparou.


a vida é trite
mas num é triste tanto não.
a vida é trite por ser desse jeito
masa num é triste tanto, não
por ser assim.

é que tem gente
que tem olho grande
e vê as coisas nos mínimos
detalhes e mostra pros outros
que a vida é triste
mas num é triste tanto não
por ser assim.


tempo

no próximo fim de semana
fui rever meu amigo
chegando lá encontrarei coisas
que eu não esperava

eu fui
ou vou?


escrever:

trovinhas de amor
sobre a terra natal
sobre a nação
sobre o mundo
sobre o fundo
sob a morte...


dei um pulo pra cima
estrebuchei-me
e virei do avesso
usaram-me em festas
chamaram-me pipoca.


abre a janela do seu coração
vê se ainda existe
uma criança escondida lá
se existir, feche a janela
devagarim
e deixe a criança
guardada lá
um dia precisará dela...


caminheiro

caminhos e mais caminhos se abrem
na ponta do meu dedo com chulé
e os horizontes vão surgindo
passo a passo
e na minha mente uma canção de amor
a minha voz solitária
ecoa por todas as trilhas e matagais
encontrando solidária
a cantoria dos passarim
e minhas mãos se ajuntam
formando um arrastão
trazendo gestos
na integração dos caminhos
por onde passo caminheiro.


canto

não ligue se os outros ligam
que você não liga.

se você quer amar, ame
sem pensar no que os outros
pensam de você amar.

se você tem vontade de gritar, grite
sem procurar saber
o que os outros sabem de gritar.

se você tem, ordens para dar, não dê
para não dar vazão a que ordens lhe Dêem.

procure onde os outros
j´acansaram de procurar
pois a fontre quando seca
ainda tem uito para dar.

e... quando você tiver
três caminhos pela frente
não espere que lhe digam
que é por esse ou aquele:
siga aquele que na mente
na hora lhe vier.

não deixe que tracem trilhas
que só por você serão trilhadas
porque assim você poderá ir
por onde e como quiser
chegando ao ponto de libertar-se;

não quero com isso
normalizar a existência
nem ser de todos a consciência:
quero apenas dizer o que sinto
e... que sintam o que quiserem.


e... voa o tempo

quando chego na berada da calçada
é cumo se chegasse
na berada das pedrera
lá nas bera do ríi
o ronco dos motô
parece o baruião das corredera
bateno nas bera das pedrera
e o chero da grama cortada
lembra o chero das coieta
lá nos campos gerais.

e... a sodade vai bateno divagarim
e eu fico aqui
cumo se estivesse lá.


a terra vai se revolver em estrumes
vai interiorizar seus mares
vai se abastar de frescuras
na hora, o tempo vai se acelerar
a natureza vai se curvar
para ver meu encontro
com a mulher erodida
na qual farei curva de nível.


quando chega a primavera
sinto inverno

quando chega o outono
sinto inverno

quando chega o verão
sinto inverno

quando chega o inverno
hiberno, hiberno...


leviandade

eu nunca quis por mais de uma vez
uma mulher
por não encontrar um imã que me prendesse

acho que vou mudar o meu procedimento
o de querer todas elas de uma só vez
vou ficar um ano
sem transar com nenhuma
vou passar um ano na solidão
talvez eu me depare
com o entusiasmo
de me entregar por inteiro
a uma só.


morena de preamar

Mosqueiro, morena de preamar
coma vida disfarçando
a morte que te arrodeia

tamarindo que despenca na praça
moça de laço de fita branca nos cabelos
morena calada
não sei porquê

e a fervilhante surrealidade
de Belém rodando na roda gigante
fantasiada por molambentos
agachados(?) à porta da Nazaré
por degradações de célilas amazônicas
por masturbações coletivas
nos ônibus lotados

morena calada
não sei porquê.

vem maniçoba e me preenche
e minha mente se anuvia
com a alienidade do convívio
de Mosqueiro, morena de preamar.


espetáculo público

3 homens-operários
chegaram na plataforma
superior da rodoviária
e... saltaram

um deles quebrou as pernas e o pescoço:
morreu

outro esmiuçou a cabeça e quebrou os braços
morreu

o outro não quebrou nada
morreu do coração

e... a platéia de transeuntes
aturdida e emocionada
não entendeu nada
retirou-se sem aplaudir

sábado, 15 de outubro de 2011

Anand Rao musica de improviso o poema Incompletude. Confira no link:

http://musicanodetalhe.blogspot.com/2011/10/anand-rao-musica-de-improviso-o-poema.html

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

o novo homem

a nova mulher há que construir o novo homem
pois
ela o desmama
ele chupa o dedo
pra mantê-la na memória
essa é a história...

raicai

...como um passarinho...!!
quem ensina a voar
quase sempre acaba sozinho.

polar óide

o raio disparado por uma expressão
catapulta neurônios antagônicos
na velocidade da luz

o tico do sorriso
o teco da irritação

o tico da alegria
o teco da tristeza

o tico da mansidão
o teco da ânsia

o tico do espontâneo
o teco do constrangido

e... como um raio de luz
desce a obscura depessão.