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domingo, 18 de março de 2012

Catalão e os Pastos

A sociedade catalana tem a memória
“cercada” de pastos
E... aqui vai um poe-imento

O Pasto do Aziz
Do quê resta uma restinga
um apartamento da nascente

O Pasto/Poço do Zé Maria
Desviado, enquadrado, canalizado
E adensado imobiliariamente

E o Pasto do Pedrinho?!!
A antiga imensidão
Atrás da Nova Matriz?

No Pasto do Aziz, hotel de cavalos
Legiões de carrapatinhos
No bosque de caças de pássaros

No Pasto/Poço do Zé Maria
Caminhos esguios de terra preta
E de fundos reluzentes de água cristalina

E... No Pasto do Pedrinho
Tenho que me demorar...

Nas minhas solidões sociais
A cachoeira eram lágrimas
Da natureza solidária
À minha humana condição

Nos pés de Guapeva
Quantas vezes me agarrei
Em minhas deserções
Para prazeres solitários

No Poço do Pedrinho quantas namoradas imaginárias
A turma gazeteira ou escapulista
Não contabilizou no seu rosário de falsas conquistas

Mas... Nem só de memória vivem os pastos
Que vão sucubindo à insana fome imobiliária
E à necessidade sã de ser engolido
Pelas falsas promessas de bem viver.

À vista via satélite
Os contornos de um rosto choroso
No seio da cidade
Observado pelo Morro da Saudade

De um lado, capitalistas inescrupulosos
E de outro, as memórias
Que formam a identidade de um povo
Que movem a roda da consciência

Há que se sair do raio da Praça do Cinema!!

Temos que ter a cidade como um todo
Não só árabe
Não só comércio
Não só finanças
Não só umbigos
Não só urbana
(acrescente aqui um “não só” só seu)

A consciência dos catalanos
Não é feita de políticos de plantão
Presos ao contorno da Praça Getúlio Vargas

A consciência catalana
É recheada de personagens populares:

O Pedro Bueno com o saco às costas
Catando sujeiras nas ruas cascalhadas

O Bastião Mola Faca de passo miúdo
Com nomes e fatos na ponta da língua

O Zelão, tarado consentido da Rua do Pio
Ribombando os gritos do Zé do Trem
A anunciar a vinda do comboio

Quem se lembra mais?
De políticos ou de povo?

Há que se sair do raio da praça do cinema!!

E... a memória vai-se apagando
Com as pessoas que passam
E, com ela, a história

Quem não cultua a ancestralidade
Não passa de um ponto de energia
Na imensidão do universo

O Pasto do Pedrinho é isso
Memória, consciência, história
Circundado pelo que antes circundava

O Pasto do Pedrinho é isso
A resistências dos pastos
A lembrar a origem de onde viemos

O Pasto do Pedrinho é isso
O vértice do triângulo dos pastos
Cravado no coração da cidade

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